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Passear com cães é crime? No Irã, prática vira alvo de repressão severa com multas e até chicotadas

Com justificativas religiosas e culturais, o governo iraniano reforça a proibição de passeios com cães em locais públicos; penalidades incluem multas elevadas e punições físicas


Unsplash
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No Irã, caminhar com cães em vias públicas é oficialmente proibido, fundamentado em razões religiosas e normas culturais rigorosas. A prática é considerada inaceitável por autoridades que classificam os cães como “impuros”, segundo interpretações tradicionais do Islã. Desde a Revolução Islâmica de 1979, o governo tem desestimulado a convivência com cães, reforçando essa visão religiosa.


Para os dirigentes iranianos, permitir que as pessoas mantenham cães como animais de estimação e passeiem com eles em público representa uma ameaça à moral social e à identidade cultural do país. O costume, segundo eles, seria um reflexo da influência ocidental e, por isso, deve ser combatido como parte de uma tentativa de preservar os valores islâmicos.


Ainda assim, a posse de cães vem crescendo, especialmente entre os mais jovens, que enxergam o ato como uma forma de oposição velada ao regime conservador. Muitos cidadãos, mesmo cientes das restrições, continuam levando seus cães para passear de maneira discreta — em locais afastados ou até dentro de veículos — tentando evitar a abordagem de agentes do governo.


Essa tensão entre a rigidez estatal e o desejo por maior liberdade individual evidencia o descontentamento crescente da população, principalmente nas áreas urbanas.

Para uma parcela dos iranianos, ter um cão dentro de casa ou caminhar com ele pelas ruas tornou-se um gesto simbólico de rebeldia silenciosa frente ao governo teocrático — assim como o descumprimento de outras regras impostas, como o uso compulsório do hijab por mulheres.



O que acontece com quem for flagrado passeando com um cão no Irã?


A fiscalização das normas que proíbem passeios com cães é desigual entre as regiões. Em Teerã, por exemplo, tutores continuam desafiando as regras, embora a repressão venha aumentando em cidades como Isfahan e Kerman, onde as medidas têm sido aplicadas com maior rigidez.


Os relatos de penalidades incluem multas que variam entre 10 e 100 milhões de riais iranianos — o que equivale a aproximadamente US$ 377 a US$ 3.770 —, além de punições físicas, como 74 chicotadas, para aqueles que forem pegos com cães em vias públicas.

Outras penalidades financeiras relatadas incluem cobranças em torno de US$ 800 (aproximadamente R$ 4.300) aplicadas a quem for flagrado importando, adquirindo ou mantendo cães como pets.


Mesmo diante da repressão, o número de tutores de cães no país continua aumentando, revelando o embate entre o controle estatal e os anseios de uma nova geração de iranianos que buscam formas alternativas de expressão, afeto e liberdade dentro de uma sociedade rigidamente controlada.

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