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"Meltdown": Cão de apoio emocional é barrado em voo e separação desencadeia crises em criança autista

TAP vetou o embarque do animal três vezes, a primeira delas ao lado da menina autista. Desde a separação, a criança enfrenta episódios de desregulação emocional. Companhia aérea alegou prioridade à segurança e sugeriu que o cão fosse transportado no compartimento de carga


Tedy é cão de serviço de uma criança autista e foi proibido pela empresa aérea TAP a embarcar em voo com destino a Portugal | Foto: Reprodução/ Arquivo pessoal
Tedy é cão de serviço de uma criança autista e foi proibido pela empresa aérea TAP a embarcar em voo com destino a Portugal | Foto: Reprodução/ Arquivo pessoal

O cão de apoio emocional Tedy, que desde o dia 8 de abril tenta embarcar em um voo rumo a Portugal, desempenha um papel essencial na prevenção de episódios de desregulação sensorial e emocional, conhecidos como meltdown na área da psicologia.

Essa explicação foi dada por Renato Sá, pai da criança autista, que está afastada do cão há mais de 45 dias. Renato participou nesta terça-feira (26) do programa "Encontro com Patrícia Poeta". De acordo com ele, a ausência prolongada do cão já desencadeou uma crise na menina.


“É o que denominamos de meltdown, uma crise em que ela perde o controle sobre as próprias ações. Isso, por vezes, resulta em comportamentos autolesivos e heterolesivos”, relatou Renato. Durante essas manifestações, a pessoa pode apresentar atitudes como gritar, chorar intensamente, se atirar ao chão, machucar a si mesma ou agredir outras pessoas. Em algumas situações, pode também paralisar e permanecer em silêncio absoluto.

Renato reforça que a presença de Tedy é indispensável para proporcionar segurança emocional à filha. “Ele nos ajudava a prevenir, a perceber e a evitar que ela entrasse nesse ciclo”, afirmou.



Treinamento especializado para assistência


Segundo a família, Tedy passou por dois anos de treinamento específico para obedecer comandos direcionados e, principalmente, manter-se até 24 horas em jejum, evitando assim a necessidade de evacuar ou urinar durante viagens longas.


Tedy, o cão de serviço, no setor de embarque do Aeroporto do Galeão, no Rio | Foto: Reprodução/ Álbum de família
Tedy, o cão de serviço, no setor de embarque do Aeroporto do Galeão, no Rio | Foto: Reprodução/ Álbum de família

O animal, que atua como cão de assistência, foi impedido de embarcar com destino a Portugal pela companhia aérea TAP. Como o pai da criança precisava viajar a trabalho, a menina acabou seguindo viagem sem a companhia de Tedy.


“Ele foi treinado precisamente para essa função, que é prevenir as crises e acompanhá-la em qualquer situação. Eles já viajaram juntos de avião. O Tedy fica aos pés do assento, foi adestrado para permanecer ali, nessa posição. Ele aguenta até 24 horas sem se alimentar ou se hidratar, evitando assim urinar ou defecar”, esclareceu Hayanne Porto, irmã de Alice.

Especialistas alertam que a separação pode gerar prejuízos significativos tanto para a criança quanto para o cão.


“A ausência pode acarretar desde um aumento nos níveis de estresse, tanto na criança quanto no animal, até o retorno de sintomas conhecidos como comportamentos desafiadores, como irritabilidade, agitação e alterações de humor”, avaliou o psiquiatra Fábio Pinato Sato, especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA).

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