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Dickinsonia: o enigma do animal mais antigo já identificado pela ciência

Fossil encontrado pela primeira vez em 1947 representa o registro animal mais antigo conhecido, datando de cerca de 558 milhões de anos, no período Ediacarano


Foto: Nobu Tamura /Wikimedia Commons
Foto: Nobu Tamura /Wikimedia Commons

No campo da paleontologia, poucos vestígios despertam tanta fascinação quanto a Dickinsonia. Localizado inicialmente em 1947, esse organismo misterioso representa o mais antigo registro de vida animal já reconhecido, remontando ao período Ediacarano, aproximadamente 558 milhões de anos atrás. Sua importância científica está justamente no papel crucial que desempenha na compreensão dos primeiros capítulos da evolução dos animais complexos — um elemento essencial para decifrar a trajetória da vida na Terra.


Fósseis de Dickinsonia foram posteriormente encontrados em diversas regiões do planeta, como Austrália, Rússia e Ucrânia, sempre associados a formações sedimentares extremamente antigas. Em aparência, o organismo exibia uma forma ovalada e um corpo dividido em segmentos, semelhante a uma folha achatada. Além disso, seu tamanho era bastante variável, indo de poucos milímetros a mais de um metro de extensão. Tais peculiaridades tornam a Dickinsonia um componente indispensável para estudar a diversidade biológica do Ediacarano.



Como a Dickinsonia foi descoberta?


A identificação inicial da Dickinsonia ocorreu em rochas do sul da Austrália, em 1947, feita por geólogos que investigavam fósseis pré-cambrianos. Com o passar do tempo, novos achados em outras localidades contribuíram para expandir o entendimento sobre seu comportamento e distribuição. A análise minuciosa dessas ocorrências permitiu o avanço de hipóteses sobre sua estrutura corporal e sobre o papel que desempenhava no ecossistema primitivo.


Por que a Dickinsonia é tão importante para a ciência?


A maior contribuição da Dickinsonia é o fato de ser reconhecida como o animal mais antigo já identificado. A confirmação de sua natureza animal foi reforçada após a descoberta de moléculas de colesterol preservadas em seus fósseis — informação divulgada em um estudo de 2018. Essa substância é um biomarcador exclusivo de seres animais, ajudando a diferenciá-la de organismos como fungos ou algas. Com isso, tornou-se uma peça-chave para compreender os primeiros passos da vida multicelular no planeta.


Foto:  Verisimilus /Wikimedia Commons
Foto: Verisimilus /Wikimedia Commons

O que se sabe sobre o estilo de vida da Dickinsonia?


Embora a falta de partes duras dificulte análises mais detalhadas, estudos recentes apontam que a Dickinsonia possuía um corpo mole, sem divisões totalmente definidas, o que complica seu enquadramento em grupos de animais modernos. Marcas fossilizadas deixadas no fundo marinho sugerem que ela conseguia se deslocar lentamente, provavelmente em busca de alimento. Há evidências de que obtinha energia absorvendo matéria orgânica do substrato ou por meio de mecanismos semelhantes à digestão externa.


  • Dickinsonia viveu em mares rasos do período Ediacarano.

  • Seus fósseis apresentam grande variação de tamanho e formato.

  • Tinha corpo mole e possível simetria bilateral.

  • Biomarcadores confirmam sua relação com os primeiros animais.


Quais debates envolvem a Dickinsonia?


Por apresentar características tão peculiares, a Dickinsonia esteve no centro de inúmeras discussões ao longo das décadas. Durante muito tempo, pesquisadores questionaram sua real natureza: tratava-se de um animal, um fungo, uma alga ou até mesmo um organismo pertencente a um grupo completamente distinto? A descoberta de colesterol nos fósseis foi determinante para firmá-la como um animal. No entanto, seguem abertas as discussões sobre sua posição exata na árvore da vida. Esses debates ilustram a dinamicidade da paleontologia e mostram como fósseis antigos podem transformar o conhecimento sobre a origem dos animais.


  • Descoberta em 1947, na Austrália.

  • Reconhecida como o animal mais antigo já registrado.

  • Ocorrência confirmada em continentes como Austrália e Rússia.

  • Morfologia singular, essencial para reconstruir a evolução dos primeiros animais.


A trajetória da Dickinsonia continua despertando interesse de pesquisadores do mundo inteiro. Cada nova descoberta acrescenta informações valiosas sobre a biota ediacarana. O mais antigo animal já documentado permanece como uma peça-chave para desvendar a origem dos animais e a evolução da vida complexa no planeta.

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