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Namorados na Natureza: Conheça os Animais Mais Românticos do Reino Selvagem

Neste Dia dos Namorados, descubra as incríveis estratégias amorosas de animais que se unem por minutos, dias ou até a vida inteira em nome do acasalamento — e, quem sabe, do amor.


O macho se envolve no gesto romântico com um longo abraço conhecido como amplexus | Edward Evans/ Flick
O macho se envolve no gesto romântico com um longo abraço conhecido como amplexus | Edward Evans/ Flick

O Dia dos Namorados é celebrado no Brasil em 12 de junho, uma data diferente do que em muitos países, mas com o mesmo espírito de celebrar o amor. E, ao contrário do que se imagina, não são apenas os seres humanos que vivenciam relacionamentos afetivos. Diversos animais na natureza também demonstram formas de vínculo e apego, em alguns casos por pouco tempo, em outros por toda a vida.


Encontrar um parceiro especial e querer ficar ao lado dele não é exclusividade humana. No reino animal, esse “grude” muitas vezes tem um objetivo muito claro: garantir o sucesso da reprodução. Seja em oceanos profundos ou nas florestas tropicais, os amantes da natureza usam estratégias únicas para se manterem juntos — e algumas são surpreendentemente românticas.



Quando dois realmente se tornam um


Nas regiões abissais do oceano, a mais de 1,5 km de profundidade, encontrar um par pode ser um desafio. É por isso que o peixe tamboril macho adota uma abordagem inusitada: ele morde a fêmea e se funde a ela. Com o tempo, os dois corpos se unem, compartilhando até o sistema circulatório. Segundo reportagem da National Geographic de março de 2018, o macho perde seus olhos, dentes, barbatanas e praticamente todos os órgãos internos, restando como um reservatório de esperma à disposição da parceira, que fornece os nutrientes mínimos para sua sobrevivência.


O macho perde seus olhos, barbatanas, dentes e a maioria dos órgãos internos | getty images
O macho perde seus olhos, barbatanas, dentes e a maioria dos órgãos internos | getty images

E o mais impressionante: uma única fêmea pode ter diversos machos acoplados a ela ao mesmo tempo, gerando filhotes de todos.



Amor sufocante — literalmente


Na província canadense de Manitoba e até mesmo na Califórnia, nos EUA, vive a cobra-liga de lado vermelho. Para as fêmeas dessa espécie, pretendentes não faltam. Elas são cercadas por 10 a 30 machos ao mesmo tempo, formando uma verdadeira “bola de acasalamento”.


“Bola de acasalamento” formada pelas cobras-liga de lado vermelho, onde vários machos cercam uma fêmea. | getty images
“Bola de acasalamento” formada pelas cobras-liga de lado vermelho, onde vários machos cercam uma fêmea. | getty images

Após despertarem da hibernação, os machos aguardam por semanas até que uma fêmea finalmente surja. Quando isso acontece, os machos famintos por amor a envolvem com seus corpos em uma aglomeração intensa que pode durar cerca de 15 minutos. No final, apenas um macho consegue acasalar e, como estratégia, deixa um tampão gelatinoso para afastar concorrentes.

Ainda segundo o pesquisador Christopher Friesen, da Universidade de Wollongong (Austrália), os demais machos logo percebem que perderam a chance e voltam à busca por outra parceira.



Relacionamentos longos — muito longos


Os bichos-pau talvez sejam os campeões da persistência amorosa. Um casal de bichos-pau-indianos pode ficar unido por até 79 dias, com o ato de acasalamento durando dias ou semanas.


Dois bichos-pau espinhosos acasalando | Joël Sartore
Dois bichos-pau espinhosos acasalando | Joël Sartore

Outras espécies já foram observadas permanecendo conectadas por até 136 horas, com múltiplas cópulas nesse intervalo. Quando o macho encontra a parceira, ele a segura com firmeza usando os pés. Segundo o entomologista John Sivinski, em estudo de 1978, as fêmeas raramente tentam se libertar — e quando tentam, não conseguem.

Segundo Gwen Pearson, da Universidade de Purdue, essa “fidelidade prolongada” serve tanto para assegurar o acasalamento repetido quanto para afastar possíveis rivais.



Amplexus: o abraço do amor


Sapos têm uma forma bastante especial de se conectar: o amplexus. Nesse abraço reprodutivo, o macho envolve a fêmea com os braços e permanece grudado por horas ou até dias, dependendo da espécie. Um casal de sapos andinos, por exemplo, foi visto permanecendo nesse “abraço” por quatro meses.


O macho se envolve no gesto romântico com um longo abraço conhecido como amplexus | Edward Evans/ Flick
O macho se envolve no gesto romântico com um longo abraço conhecido como amplexus | Edward Evans/ Flick

Além disso, as rãs possuem sete tipos diferentes de amplexus, variando de acordo com o tipo de acasalamento. Em algumas espécies, como a rã Eleutherodactylus coqui, a fêmea também participa ativamente, usando um tipo de “abraço reverso” com as pernas traseiras. Essa técnica ajuda na fertilização interna dos ovos, o que é raro entre anfíbios.


O amplexus não é exclusividade dos sapos. Salamandras e até caranguejos-ferradura também utilizam esse método romântico de acoplamento.



Paixão com os filhos por perto


Nem todos os casais da natureza vivem seu romance em privacidade. Entre os bonobos — primatas conhecidos por usarem o sexo como forma de socialização e resolução de conflitos —, é comum observar filhotes grudados nas mães durante os atos sexuais.


Os bebês ficam com os casais até durante o acasalamento | Maud Mouginot
Os bebês ficam com os casais até durante o acasalamento | Maud Mouginot

Segundo Vanessa Woods, pesquisadora da Universidade Duke (EUA), os bonobos mantêm relações sexuais não apenas para reprodução, mas também por afeto, diversão e para fortalecer vínculos sociais. Os filhotes acompanham suas mães até por volta dos cinco anos, mesmo durante esses momentos íntimos.



Amor à sua maneira


Esses comportamentos, por mais curiosos ou intensos que pareçam, são adaptações evolutivas que maximizam as chances de sucesso reprodutivo. Seja por meio de fusões corporais no fundo do mar, abraços duradouros ou estratégias de acasalamento em grupo, os “namorados” do mundo animal mostram que o amor — ou pelo menos o desejo de perpetuar a espécie — também é uma força poderosa na natureza.


No fim das contas, o instinto de se unir, proteger o parceiro e garantir descendentes está presente nos mais diversos cantos do planeta. Neste Dia dos Namorados, fica o lembrete: o amor, em todas as suas formas, também é selvagem.

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