top of page

Revolução genética no prato: salmões que crescem mais rápido e bois que suportam o calor estão a caminho

Com a população mundial em expansão e os recursos naturais cada vez mais escassos, animais transgênicos surgem como solução promissora para garantir segurança alimentar e sustentabilidade.


Recorrer a soluções biotecnológicas ganha força em um cenário marcado pelo aumento populacional global e pela escassez de terras cultiváveis, água e outros recursos essenciais à produção agropecuária. | Foto: Montagem/ Canva
Recorrer a soluções biotecnológicas ganha força em um cenário marcado pelo aumento populacional global e pela escassez de terras cultiváveis, água e outros recursos essenciais à produção agropecuária. | Foto: Montagem/ Canva

A criação de animais geneticamente modificados para consumo humano avança a passos largos. No último dia 23 de abril, um grupo seleto de especialistas — entre eles o pesquisador Jon Oatley, da Universidade Estadual de Washington (WSU) — apresentou um importante relatório nacional que promete moldar o futuro da modificação genética em animais de produção, como bovinos, suínos e peixes. O documento é resultado de dois anos de estudos, reuniões e revisões técnicas, e foi divulgado durante um webinar promovido pelas Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos Estados Unidos.


Jon Oatley, que também é vice-reitor de pesquisa da Faculdade de Medicina Veterinária da WSU, foi um dos quatro membros do comitê responsável por elaborar o relatório, encomendado pelo Congresso norte-americano. Segundo ele, o documento servirá como uma referência global: “Este relatório foi criado para funcionar como um guia — quase uma bíblia — do que está sendo feito no campo da engenharia genética de animais com fins alimentares. Seu impacto será mundial”.


Embora o relatório não declare categoricamente que os alimentos geneticamente modificados são isentos de riscos à saúde, os especialistas garantem que esses produtos passam por avaliações rigorosas e só são liberados após aprovação da Food and Drug Administration (FDA), a agência federal que regula alimentos nos EUA. Até o momento, a FDA já autorizou três linhas de animais transgênicos: o salmão do Atlântico com crescimento acelerado, o gado com pelagem adaptada ao calor e suínos geneticamente modificados para eliminar uma alergia alimentar rara.


Contudo, conforme informado pelo portal da WSU em matéria publicada no site beefmagazine.com, esses animais ainda não chegaram às prateleiras dos supermercados.

O comitê também apontou pontos que merecem mais investigação, como os impactos de longo prazo sobre a saúde humana e animal, e sugeriu a criação de grupos de estudos voltados à percepção do consumidor sobre esses alimentos.


A necessidade de recorrer a soluções biotecnológicas, como a transgenia, ganha força em um cenário marcado pelo aumento populacional global e pela escassez de terras cultiváveis, água e outros recursos essenciais à produção agropecuária. Segundo a WSU, a engenharia genética representa uma ferramenta estratégica para garantir eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.


A reportagem destaca que essas novas tecnologias oferecem uma versão moderna do processo milenar de seleção artificial — técnica já utilizada há séculos por agricultores e criadores —, agora com capacidade de editar o DNA dos animais, transmitindo as modificações desejadas às futuras gerações.


Esse tipo de alteração, chamado de edição genética hereditária, permite o desenvolvimento de animais mais produtivos, mais resistentes a doenças ou mais aptos a enfrentar condições ambientais extremas, como o calor excessivo.


Jon Oatley, um dos 15 especialistas selecionados por instituições norte-americanas para integrar o comitê ad hoc criado pelo Congresso em 2023, é referência mundial nesse campo. Seu trabalho com as ferramentas de edição genética, como o CRISPR, busca desenvolver novas características em porcos e bovinos. O pesquisador já participou de importantes eventos, como audiências no Congresso e feiras tecnológicas, com o objetivo de divulgar os benefícios dessa inovação.


A WSU lembra que Oatley é autor de mais de 90 artigos científicos e foi o primeiro pesquisador universitário a obter autorização da FDA para realizar testes com alimentos transgênicos destinados ao consumo humano. A conquista foi celebrada em um evento no campus de Pullman, onde foram servidas salsichas produzidas a partir de porcos geneticamente modificados.


Durante a apresentação do relatório, Oatley relembrou esse episódio e afirmou que a reação do público às salsichas foi bastante positiva. Para ele, o relatório recém-lançado inaugura uma nova etapa no desenvolvimento de alimentos transgênicos. “É dessa forma que vamos garantir comida para a população no futuro”, concluiu o cientista.


Entenda os principais pontos sobre os animais geneticamente modificados para alimentação:


  • O que são animais transgênicos e por que eles estão sendo desenvolvidos?

    São animais que passaram por alterações genéticas para expressarem características específicas, como crescimento acelerado ou maior resistência ao calor. O objetivo é tornar a produção de alimentos mais eficiente diante do crescimento populacional e da escassez de recursos.

  • Quais espécies já foram modificadas geneticamente e aprovadas nos EUA?

    Três tipos já receberam o aval da FDA: o salmão do Atlântico com crescimento mais rápido, bovinos com pelagem adaptada ao calor e suínos sem o gene causador de uma rara alergia alimentar. Nenhum desses produtos, no entanto, está disponível no mercado.

  • Esses alimentos são seguros para consumo?Segundo os membros do comitê que elaborou o relatório, os alimentos geneticamente modificados são considerados seguros, mas devem passar por aprovação rigorosa da FDA antes de serem comercializados.

  • Há riscos associados à modificação genética de animais?

    Embora os especialistas considerem os produtos seguros, o relatório recomenda mais pesquisas para avaliar possíveis impactos à saúde de humanos e dos próprios animais no longo prazo.

  • Qual é o papel da população nesse processo?

    O comitê sugere que também é essencial entender como os consumidores percebem esses produtos, o que pode influenciar sua aceitação no mercado.

Comentários


Compartilhe:

Compartilhar:

bottom of page