Imune ao Veneno Mortal: O Segredo do Gambá Contra Escorpiões Revelado!
- Redação Pet Mania

- 3 de jul.
- 5 min de leitura
Atualizado: 9 de jul.
Descubra como este marsupial se tornou o principal aliado no controle de pragas peçonhentas, resistindo a venenos letais.

O Herói Inesperado Contra o Veneno
Com a chegada do verão, a ocorrência de escorpiões na América do Sul se intensifica, e, consequentemente, o número de vítimas desse perigoso aracnídeo peçonhento também aumenta significativamente. A picada de um escorpião pode ser fatal, visto que todas as suas espécies possuem veneno, embora algumas apresentem maior toxicidade, conforme elucidado pelo Instituto Butantan, uma renomada instituição brasileira de pesquisa científica e produção de imunobiológicos.
Além das precauções para evitar escorpiões em ambientes domésticos e das medidas a serem tomadas após uma picada, é crucial reconhecer a existência de um animal que atua como seu predador natural, contribuindo assim para o controle populacional desses aracnídeos. Estamos falando do gambá.
O gambá é um mamífero marsupial, cuja denominação deriva do tupi antigo, significando 'seio oco', uma alusão à bolsa ventral (marsúpio) que as fêmeas utilizam para proteger seus filhotes. Essa característica foi detalhada por Iasmin Macedo Gois, Mestre em Biologia Animal e coordenadora do Projeto Marsupiais do Instituto Últimos Refúgios, no Espírito Santo, Brasil.
Aprofunde-se no universo dos gambás, um animal notavelmente resistente não apenas ao veneno de escorpiões, mas também ao de serpentes, e que se destaca como predador desses artrópodes. A National Geographic esclarece como este marsupial pode ser um valioso aliado na prevenção de incidentes com animais peçonhentos.
O Marsupial Resiliente e Sua Presença
Os gambás são classificados como mamíferos marsupiais da família Didelphimorphia, conforme a Animal Diversity Web (ADW), enciclopédia digital do Museu de Zoologia da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Na maior parte da América do Sul, a espécie predominante é a Didelphis albiventris, o gambá-de-orelha-branca, que recebe nomes populares no Brasil como saruê, mucura, cassaco ou timbu.
Os saruês têm uma vasta área de ocorrência, abrangendo o norte e leste da América do Sul, desde a Colômbia e Guiana Francesa até a região central da Argentina. Sua presença é marcante no Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Contudo, a ADW aponta que eles não são encontrados na Bacia Amazônica.
Em todas as áreas onde o gambá é nativo, existem quatro espécies distintas, segundo a bióloga Iasmin Gois: Didelphis aurita, D. albiventris, D. imperfecta e D. marsupialis. Embora existam outras duas espécies nas Américas, a D. virginiana e a D. pernigra, estas são mais prevalentemente encontradas na América do Norte.
A presença de gambás em centros urbanos é cada vez mais frequente, impulsionada pela busca por alimento e abrigo. Frequentemente, esses animais buscam comida em lixo descartado de forma inadequada ou em sobras de ração de animais domésticos. Adicionalmente, conforme o site da Universidade de Brasília (UNB), 'os saruês podem adentrar locais que consideram seguros e tranquilos para suas ninhadas, como forros de telhados, tubulações, caixas d’água e de energia, entre outros pontos da área urbana'.
Aliado Natural no Controle de Pragas
Embora talvez não sejam os animais mais adorados por sua aparência, os gambás são, sem dúvida, essenciais no controle de pragas. Caracterizam-se por serem generalistas e oportunistas em sua dieta, consumindo desde frutas e insetos até ovos, pequenos anfíbios e até outros mamíferos. Notavelmente, eles se alimentam de criaturas perigosas como escorpiões, serpentes e caramujos africanos, além de outros animais venenosos ou vetores de doenças, como aponta o site da UNB.
A notável imunidade dos gambás à maioria dos venenos de animais peçonhentos permite que eles se alimentem dessas criaturas sem sofrer danos, transformando-os em predadores eficazes no controle de pragas. Segundo a bióloga Iasmin Gois, é bastante provável que em áreas com presença de gambás, a população de escorpiões seja significativamente reduzida.
'Uma picada de escorpião não tem efeitos nos gambás', explica Iasmin, 'mas é compreensível que ele não vá ficar levando picadas e deixando o escorpião vivo. Ele costuma comê-lo e partir para o próximo, já que faz parte de seu comportamento matar um animal, comer e seguir para outro alimento'.
Todas as seis espécies de gambás demonstram imunidade aos venenos da maioria das serpentes, escorpiões, aranhas e anfíbios. A coordenadora do projeto de marsupiais do Instituto Últimos Refúgios detalha o mecanismo singular que confere essa resistência aos gambás:
'Para inibir a substância tóxica dos venenos, o organismo do gambá reage (responde) com uma substância neutralizante chamada de LTNF (sigla em inglês para Fator Neutralizante de Toxinas Letais), que nada mais é do que um peptídeo, formado por 11 aminoácidos de uma proteína do gambá', ela esclarece. 'Os gambás produzem LTNF suficiente para bloquear os efeitos da peçonha e/ou veneno, e assim não sentem os sintomas comuns quando picados por animais peçonhentos como os escorpiões, o que acarretaria em hemorragia, edema, danos ao sistema nervoso, lesões musculares, problemas cardiovasculares, entre outros'.
Convivência Segura e Responsável
Como observado, os gambás desempenham um papel crucial como predadores de escorpiões e de outros animais peçonhentos ou transmissores de doenças, colaborando para o controle da proliferação dessas espécies na natureza. Contudo, é fundamental adotar certas precauções em relação a esses marsupiais. Trata-se de animais com hábitos noturnos que, embora habitem diversos biomas, têm sido cada vez mais avistados em áreas urbanas.
De acordo com informações da UNB, os gambás podem ser vetores de doenças como a leptospirose, transmitida pela urina, e certas verminoses, por meio de suas fezes.
Já sobre a transmissão da raiva, a especialista em gambás salienta que 'existem estudos os quais comprovam que os gambás podem ser portadores do vírus da raiva, mas não têm potencial de transmissão para os humanos'. É crucial sublinhar, ademais, que a doença não se manifesta no próprio gambá.
'Porém, se uma pessoa tentar manusear o gambá', adverte a bióloga, 'ele pode atacar e uma mordida dele não será agradável, podendo até lesionar de forma permanente a região atingida'.
Desse modo, a orientação mais prudente é evitar o contato direto com os gambás, pois eles geralmente não são agressivos, salvo quando se sentem ameaçados. Manter uma distância segura é a melhor forma de garantir a sua segurança.
Conforme a bióloga, é aceitável que os gambás habitem nosso entorno, contanto que sua liberdade e modo de vida não sejam comprometidos. 'Nós não devemos alimentar esses animais para não acostumá-los com comida fácil', ela adverte.
'As pessoas pensam: ‘se eu der umas frutinhas vou estar ajudando’', prossegue ela, 'mas na verdade estão restringindo a alimentação natural do animal, ele poderá ficar doente por falta de outras vitaminas e nutrientes, e ainda irá parar de ajudar no equilíbrio do meio ambiente, pois não vai precisar caçar os alimentos, incluindo as pragas'.
Iasmin ainda oferece conselhos práticos para quem avistar um gambá próximo à residência: 'se encontrar o animal solto, em cima do muro ou em local similar, mantenha distância e aguarde que o gambá prossiga seu percurso. Se possuir animais domésticos, o ideal é mantê-los afastados do gambá até que ele se retire em segurança'.
Em situações onde se observe algum problema com o gambá, ou caso ele esteja sem vida, acione as autoridades competentes para que efetuem o devido resgate ou remoção.








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