Austrália ativa robôs letais para eliminar 6 milhões de gatos selvagens
- Patrick Araujo

- 12 de jul.
- 2 min de leitura
Estratégia tecnológica quer conter a ameaça ecológica causada por felinos invasores e preservar a fauna nativa

Algumas regiões da Austrália estão recorrendo a uma estratégia extrema para preservar sua fauna nativa. Diante do avanço descontrolado da população de gatos selvagens, governos locais começaram a utilizar robôs programados para eliminar esses animais, aplicando um veneno letal durante sua higiene. A medida busca proteger espécies ameaçadas e restaurar o equilíbrio ecológico.
Classificados como uma espécie invasora, os gatos selvagens vêm provocando sérios impactos nos ecossistemas australianos. Para enfrentar esse cenário, autoridades planejam erradicar cerca de 6 milhões de felinos em cinco anos, com o auxílio de 15 robôs equipados com tecnologia de ponta. A iniciativa recebeu investimento de € 4,6 milhões (equivalente a AUD 7,6 milhões).
A ameaça que os gatos selvagens representam
Esses gatos não são animais domésticos, mas sim descendentes de felinos abandonados que se adaptaram à vida livre. Desde que foram introduzidos na Austrália, vêm sendo apontados como um dos principais fatores de declínio da biodiversidade local. Cada gato selvagem mata, em média, 186 animais por ano, o que representa um impacto devastador para inúmeras espécies.
Estima-se que mais de 5 milhões de animais nativos são mortos diariamente por esses predadores, entre eles répteis, mamíferos, aves e anfíbios. Aproximadamente 120 espécies endêmicas estão sob ameaça, como o numbat e o wallaby-das-rochas. O desequilíbrio gerado coloca em risco a integridade de habitats inteiros.
Além dos danos ambientais, há prejuízos econômicos significativos. O custo total dos programas de conservação associados ao combate da predação felina chega a AUD 300 milhões, refletindo também a perda do patrimônio biológico.
Como funcionam os robôs eliminadores
Os robôs utilizados nessa operação foram desenvolvidos pela empresa Thylation e operam com energia solar. Eles são capazes de detectar gatos selvagens por meio de sensores inteligentes, que analisam padrões corporais e movimentos específicos, garantindo a identificação precisa dos alvos.
Uma vez que o gato é reconhecido como selvagem, o robô libera uma substância tóxica chamada Poison 1080, em forma de gel. O produto é ingerido pelo animal durante sua auto-higienização, levando-o à morte. O método é projetado para ser rápido, preciso e minimamente invasivo para outras espécies.
A programação dos dispositivos inclui algoritmos seletivos, que evitam atingir espécies nativas ou gatos domésticos. Esse controle é fundamental para garantir que apenas os felinos invasores sejam afetados.
Controvérsia e justificativa da medida
Embora a estratégia seja considerada polêmica, principalmente por ativistas de proteção animal, as autoridades australianas defendem sua adoção com base em dados ecológicos concretos. O país afirma que a erradicação dos gatos selvagens é essencial para conter o avanço da extinção de animais nativos e restaurar o equilíbrio natural.
Ainda que o uso de robôs com ação letal gere debates éticos, o governo argumenta que a preservação das espécies autóctones depende de medidas eficazes e urgentes. Diante da gravidade da situação, a tecnologia passa a ser uma aliada na tentativa de salvar a biodiversidade única da Austrália.








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